As Alminhas
São modestos monumentos erigidos às almas, uma forma de as recordar, as venerar, as perpetuar nas encruzilhadas, nas estradas sombrias tristes como a morte.
No Vimieiro havia umas alminhas de pedra esbatida pelo tempo, cinzelada toscamente, silenciada pelo passado, escondida entre silvas, e por ninguém era notada. Hoje está embutida num altar à beira do caminho onde piedosamente lhe colocam flores e velas. è o largo das almas em sua homenagem.
António Nobre o poeta do "Só" fala-nos das alminhas numa quadra muito linda.
"Ora havia lá e ainda há umas alminhas
Com um painel antigo sobre o oratório
E têm esta legenda: Ò vós que ides passando,
não esqueceis a nós neste lume penando."
De um anónimo são estes versos:
"As almas do purgatório
Já não nos pedem riqueza
Só pedem as migalhinhas
Que caiem da vossa mesa."
Outrora os homens ao passarem pelas alminhas tiravam o chapéu e as mulheres ajoelhavam perante elas._______________________*******________________________
Este Chafariz foi mandado construir pela Junta de Freguesia do Vimieiro em 1939, era presidente da Junta o Sr. Ernesto Moura.
Foi inaugurado em 1 de Dezembro do mesmo ano, em que se comemorava a revolução de 1640 - Nesse dia o Vimieiro vestiu-se de festa e na Escola Cantina Salazar foi oferecido um almoço a quarenta crianças, um presente do Sr. José Rufino o grande benemérito inspirador da cantina, que das terras do Brasil presenteava as crianças com compotas da goiaba, O professor Sobral enaltecia ao longo do discurso os feitos da revolução de 1640.O fontanário foi recuperado em 2009.
___________________________*******_________________________A fonte da água do empréstimo foi restaurada
A fonte da água do empréstimo há muito que se tinha calado. O seu aspecto denotava um total abandono, invadido por ervas daninhas e silvas. Já vem de muito longe a velha fonte, dizem que tem a idade dos caminhos-de-ferro da Beira Alta.
Servia as populações do Bairro Novo da Estação. A água corria sempre, sem cessar, e vinha da barreira de uma nascente da quinta das Ladeiras. Atravessava a linha dos caminhos-de-ferro e quando da reabilitação dos mesmos os seus canos foram cortados.
Brotavam águas límpidas, puras e de grande frescura, que as criadas da Tia Ambrósia, de cântaro à cabeça, usavam na sua famosa pensão. Como nota de curiosidade, de um velho jornal de 1908, um viajante que se intitulava de cavador, dirigia uma mensagem aos habitantes do Vimieiro e da estação. Diz ele que desde 1896 tinha a felicidade de viajar junto à janela do vagon e que espreitava a vista pelos campos, para si desconhecidos. Reparou que na barreira perto da estação corria água que lhe parecia ser sulfurosa, pela cor dos limos. mais à frente diz: "Ficou-me de tal forma radicada no espírito esta convicção que me obriga a olhar aquele lugar todas as vezes que lá passo. Mandem-me analisar, ela deve ter algum valor medicinal. Era agora uma mina para a estação, uma estância aquista. Mão julgueis que invento. Juro por tudo quanto há de sagrado que vi e convenci-me."
Mais de cem anos tem esta notícia. Junto desta nascente, numa nesga estreita de terra, e junto à linha florescida a horta de senhor chefe da estação. O meu pai nuns versos cheios de graça dedica-lhe esta poesia:
Fumo do meu passado
Fazia um sol brutal
Quando eu aborrecido
fui até ao Ladeiral
Chateado entristecido
Com as leis da minha sorte
Mas depois mais animado
Nestes caminhos sem norte
Fiquei pasmo, apalermado
Com as letras garrafais
Daquele letreiro inocente
Onde eu a rir e aos ais
Li um pouco paciente
E já um tanto sereno
Este aviso dum prudente
"Quidado" há veneno.
"Quidado"? Mas que heresia
isto é pior que quimbundo
E é o aviso furibundo
Com língua de magarefe
O qual a gente pasma
E que se ergue qual fantasma
Na horta do senhor chefe.
O Chafariz foi restaurado pela Junta de Freguesia do Vimieiro. Voltar a ter vida, a brotar água, a ter dignidade. Não é a mesma água de outrora, porque essa perdeu-se para sempre.
Elsa Silvestre do Amaral - Vimieiro
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O Cantinho da Saudade
O Cantinho da Saudade é um recanto da nossa terra, onde vieram ao mundo muitas crianças que feitas homens e mulheres foram úteis à sociedade e a si próprias, pela educação que os seus pais lhes deram.
No Cantinho da Saudade há alecrim, hortencias e salsa. A roseira vermelha em Maio enche-se de rosas.O Cantinho da Saudade
O Cantinho da Saudade é um recanto da nossa terra, onde vieram ao mundo muitas crianças que feitas homens e mulheres foram úteis à sociedade e a si próprias, pela educação que os seus pais lhes deram.
Vão longe os anos dos risos das crianças, da música dos bandolins que tocavam as melodias da moda, das galinhas com toda a liberdade a esgravatar a terra, do porco a grunhir na loja, as vivências do sitio.
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